quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Rodrigo Pezão em Champagne: La Vie en Rose!



Ainda bem jovenzinhos, com pouco tempo de casados, eu e Ceres fizemos uma viagem pela Europa, de pouco mais de 30 dias. Visitamos algumas cidades na França, Áustria, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Bélgica e Inglaterra, nessa ordem. Infelizmente, naquela época, eu era um cara muito mais apreciador das cervejas da Alemanha e Inglaterra - eu sei, mas não, as da Bélgica não me alegraram - do que da variedade do mundo do vinho que esteve a nossa disposição. Por esse motivo - talvez infeliz, mas o que se há de fazer - não os apreciamos na medida do que esteve a nossa disposição.


No entanto, quando em Paris, ficamos na casa de um casal de amigos, que a muito tempo mora naquela cidade. Ele é um parisiense clássico, mala, do tipo que tem poucas papas na língua e que, mesmo sem te ver a mais de um ano, ainda assim não levanta da cadeira pra te cumprimentar, nem mesmo na casa dele. Já ela é uma brasileira, de descendência japonesa, linda, extremamente bem humorada e do tipo que não te deixa pegar um táxi, pois faz questão de ir até o aeroporto, com neve caindo, só pra te buscar.

Nesse contexto, com carro e facilidade de ir e vir sem olhar mapas, certo dia nos mandamos, os quatro, para a região de champagnet, mais precisamente nas cidades, vizinhas, de Reims e Epernay. A Catedral Notre Dame de Reims é um espetáculo que vale a visita. Dizem que é onde foi coroado Luis XIV, mas não fui conferir a informação. Mas o lugar é um absurdo, gótico, sublime e deserto de turistas... Fica a dica.

Pouco depois de Reims, fomos visitar uma das "caves" da região. Não era uma das mais “famosas”, mas mesmo assim tratava-se de uma vinícula bem tradicional, centenária, a do Champagne Mercier. A cave, como a maioria de lá, é ostensiva e luxuosa. São bem preparados para receber visitantes. Você chega e assiste, num pequeno cinema ridiculamente confortável e chiquetérrimo, um breve filme sobre a história da Cave. Logo depois, pega um elevador e desce mais de 30 metros abaixo da terra, onde se encontram as galerias, com temperaturas constantes perto dos 10 graus.


Essas galerias são verdadeiros labirintos, que você percorre em pequenos trens, com guias explicando tudo em inglês. Possuem kilômetros - isso mesmo, Kilômetros! – de corredores interligados, abarrotados de diferentes garrafas champagnet, de diferentes safras, idades, tamanhos e tipos. Alguns raríssimos, como quem lê esse relato pode imaginar. Sem escalas pra ilustrar a imensidão dos labirintos, fico devendo uma associação. No entanto, posso dizer que andamos, nos trens, por mais de 40 minutos pelos corredores e não percorremos nem metade do complexo subterrâneo. E não trata-se de uma das maiores de lá não... Deixo pra imaginação de vocês.

Logo depois veio a degustação, que durou mais de uma hora, indo totalmente contra outras degustações que fiz em outras viagens, onde sempre eram mais breves. Como naquela época eu não tinha "pedigree" adequado pra ocasião, tratei de beber, mesmo, ao invés de degustar. Aparentemente, foi uma pena, mas era o que dava pra fazer naquela época de juventude e desapego com quase tudo (ou seria a sabedoria dos inocentes?). Lembro de ver os mais experientes realmente se esbaldando em sensações e combinações, indo dos exemplares mais “frescos” aos mais raros, com verdadeira paixão e oportunismo. Enquanto isso, eu entornava minhas taças, só dos mais raros... talvez na procura de entender aquele parisiense que nos acompanhava.

Foi uma experiência única, que pretendo fazer novamente com menos ansiedade e mais sobriedade. Mas esta que fizemos certamente ficará na minha memória. Ainda mais porque saindo de lá, devidamente embriagado de champagne direto da “bica” e a pança cheio de escargot, pude contemplar, pela primeira vez na vida, um bocado de neve caindo do céu. Era a primeira vez que nevava na região naquele ano.



O que dizem os especialistas?

Para aqueles que estão se iniciando no mundo do champagne, uma dica é visitar a Mercier em Épernay. Mercier faz parte do grupo que detém Moët Chandon, Louis Vuitton, Kenzo, Dior, Séphora. Esta Maison foi fundada em 1858 por um jovem idealista, Eugéne Mercier, que teve a preocupação em fazer um champagne acessível aos menos abastados. A cave é composta por 47 galerias espalhadas por 18 km e o acesso é feito por surpreendente elevador panorâmico. O passeio subterrâneo é feito em trenzinho. As cavernas escondem garrafas de vinhos e esculturas maravilhosas.


As visitas estão abertas todos os dias, de 25 de março até 15 de novembro, sem reservas, das 9.30h às 11.00h e das 14.00h às 16.00h.  As caves estão fechadas nas terças e quartas feiras à partir de 18 de fevereiro até 24 de março e de 16 de novembro até 13 de dezembro. Elas estão totalmente fechadas do dia 14 de dezembro até 17 de fevereiro.  A visita/degustação de um champagne custa 9 euros e  de três champagnes 17 euros. Visitas gratuitas para menores de 10 anos.
Champagne Mercier – 68 – 70 avenue de Champagne – Epernay.


8 comentários:

  1. Caramba que túneis são esses hein? Ah..a juventude, como as recordações dessa época de nossas vidas são deliciosas. Quer dizer que ao invés de degustar saiu de pileque? kkk..e espero só dos mais raros. Muito bonito o jovem casal e continuam assim. E o francês além de "mala" é grande hein? Incrivel como eles justificam a fama de mal educados. Mas o cara tem o maior jeitão de gente boa e a japonesinha como você disse é um encanto de pessoa. É isso aí Capitão Rodrigo guarde e acumule lembranças como essa no coração. Viajar é sempre tudo de bom. Abração

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  2. Ferrão, vc viu que relato sensacional, transbordando amor! É como diz o poeta: o primeiro olhar nunca se repetirá... E tirei duas conclusões: uma é que com esse nariz o Pezão decifra qualquer aroma sem precisar abrir a garrafa! A outra é que quanto mais bonita a mulher, mais ela se deixa levar pela conversa da gente! É ou não é!? E se eu estivesse no lugar do Pezão teria feito exatamente a mesma coisa: porre do Champagne mais famoso. E com escargot! Caba não mundão, caba não...

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    1. Pô Rodrigão, o cara tá te chamando de "narigão" que tal aquele atributo na cabeça que dizem que o cearense tem. Vocês dois casaram com moças muito bonitas e com certeza casaram muito bem. Preservem sempre ao longo de suas vidas. Vale muito a pena. Só existe uma possibilidade de eu me separar de dona Eloisa. Um dos dois ir para o lado de lá. Abração garotos!

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    2. É verdade: cabeção! Ferrão, e já tou vendo a logística de incluir Champagne na viagem. Deve ser uma experiência incrível a Av. Champagne, com as caves de Mumm, Veuve Clicquot, Moet & Chandon, Pommery, Mercier e dezenas de outras a sua disposição.

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  3. Que beleza! Obrigado pela postagem Mattão!

    Mestre, os túneis são inimagináveis, sem fim. E o meu narigão é o meu charme... depois que sofri um acidente de carro e ele ficou torto, fiquei mais bonitão ainda!

    Esta é uma viagem que eu recomendo. Esqueci de mencionar que a região de champagne fica só a uma hora de carro de Paris. Você vai e volta no mesmo dia tranquilinho... É fundamental reservar antes.

    Rapaziada, obrigado pelas palavras, vocês são demais!

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    1. Já dei uma pesquisada e agora tem o TGV saindo da Gare l'Est, percurso feito em 45 minutos.

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  4. Que relato fantástico...Pezão, fiquei realmente imaginando a imensidão das cavernas abarrotadas de garrafas, algumas até seculares pelo que descreveu...e o gosto, o paladar então deve ser indescritível.. fantástico.. que bom que fizeste essa viagem..

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