Brunello di Montalcino é um dos maiores ícones da Toscana, dividindo enorme prestígio com seus rivais, Barolo (Piemonte) e Amarone della Valpolicella (Veneto).
Nasce 100% Sangiovese, mas um clone especial chamado Sangiovese Grosso, desenvolvido por Ferruccio Biondi-Santi, inventor do Brunello, no fim do século dezenove. De lá para cá, muita fama, muito prestígio e muita expansão territorial. Hoje o Consórcio dos Brunellos conta com mais de duzentos produtores (www.consorziobrunellodimontalcino.it).
A localização com relação a tipo de solo e altitude, somados ao estilo do produtor, confere enorme diversidade entre os Brunellos. No fundo, é o velho conceito de terroir que tentaremos esclarecer a partir do mapa abaixo:
Diversidade de altitudes e solos
Imaginem uma grande área quadrada com lados de dezesseis quilômetros, delimitada por vários rios (Asso, Ombrone e Orcia), onde no centro desta área (próximo à cidade de Montalcino) esteja o vértice de uma pirâmide com a referida base quadrada. As linhas em azul no mapa acima simbolizam este conceito.
Atualmente, os Brunellos dividem-se em Tradicionalistas e Modernistas, fato cada vez mais corriqueiro nas famosas denominações da Itália. O chamado estilo tradicionalista deriva de Brunellos de longas fermentações, com acidez marcante e amadurecimento em grandes botti (tonéis de grande dimensão) por longos períodos, fornecendo um toque oxidativo ao vinho. Já o chamado estilo modernista, apresenta Brunellos mais frutados, mais macios e amadurecidos em barricas preferencialmente francesas, sendo muito mais agradáveis quando novos e caindo no gosto do chamado mercado internacional. Portanto, é preciso descobrir este estilo, conhecendo o produtor e muitas vezes, perceber nas condições de terroir, uma vocação genética inerente a um determinado estilo.
Falar de Brunello e não falar de Biondi-Santi é como ir a Roma e não ver o Papa. Este é a referência do estilo tradicionalista, com vinhedos (o famoso vinhedo Il Greppo) acima de 480 metros ao nível do mar, muito próximos do vértice da pirâmide. Nesta altitude, uma das maiores em Montalcino, aliada a um solo com forte presença de calcário (além de argila e areia), as uvas têm um longo período de amadurecimento, gerando vinhos tânicos e de elevada acidez. Este cenário contribui sobremaneira para um estilo tradicionalista encabeçado por Biondi-Santi e seus seguidores.
Focando agora o extremo sul da região, temos o produtor Castello Banfi, situado a menos de 200 metros ao nível do mar, gerando uvas de fácil maturação, num solo rico em galestro, contribuindo para um Brunello mais macio e apto a um amadurecimento em madeira mais brando. É o chamado estilo modernista, com enorme aceitação no mercado americano.
Em resumo, salvo as exceções, na região central do mapa e também para o lado sudeste, temos em média, as maiores altitudes, propiciando um estilo mais tradicionalista. O lado sul do mapa, incluindo a parta sudoeste, apresenta as menores altitudes, pendendo para um estilo mais modernista. Já a parte norte do mapa, detalhes da localização do vinhedo e filosofia do produtor, são muito importantes para definirmos um estilo.
O fato é que Montalcino, por se encontrar mais ao sul que a região do Chianti Classico, além de uma maior influência marítima, apresenta condições climáticas bem mais favoráveis ao amadurecimento das uvas, sem perder acidez, ou seja, o clima é mais quente, menor risco de chuvas e altitudes suficientes para manter frescor nas uvas.
Estilo Tradicionalista
- Biondi-Santi (importadora Mistral)
- Azienda Costanti (importadora Mistral)
Estilo Modernista
- Castello Banfi (importadora World Wine)
- Azienda Agostina Pieri (importadora Cellar)
- Azienda Argiano (importadora Vinci)
A atual legislação colaborou muito para termos Brunellos que respeitem seu estilo e seu terroir. O amadurecimento mínimo em madeira é de dois anos, período muito inferior ao que era exigido no passado, embora a linha tradicionalista goste de seguir este caminho. De todo modo, houve mais liberdade para produtores com outros critérios de elaboração.
A versão Rosso di Montalcino parte geralmente de parreiras mais jovens e trechos menos favorecidos dos vinhedos de cada produtor. Não há obrigatoriedade em amadurecer o vinho em madeira. Neste caso, o vinho pode ser tomado mais jovem, por um preço mais acessível, embora sem a complexidade dos grandes Brunellos.
Em termos de legislação, Brunello di Montalcino é DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita), enquanto Rosso di Montalcino é apenas DOC.
O que eu digo?
recebeu incríveis 93 pontos de Robert Parker e 92 pontos da Wine Spectador.
Tem coloração alaranjada, e ao colocar na taça um aroma de álcool muito forte. Após alguns minutos "decantando" na taça apresentou aromas de frutas vermelhas. Um vinho bem encorpado e de taninos fortes. Particularmente, gosto de vinhos mais macios. Como comprei duas garrafas, farei outra degustação para uma segunda avaliação.
A Vinícola:
A Fattoria dei Barbi (www.fattoriadeibarbi.it) é uma vinícola localizada em Montalcino, Toscana, num local bonito onde pode-se visitar as caves e ainda conta com um restaurante de qualidade (reservas necessárias). Como não poderia deixar de ser, a especialidade deles são os vinhos Brunellos, Rossos e Chiantis.
Barrica de carvalho da Fattoria dei Barbi.
Caves da Fattoria del Barbi.
Local de armazenamento da coleção de garrafas da vinícola.
Decoração da coleção de garrafas da vinícola.
Local de armazenamento da coleção de garrafas da vinícola.
Caves da Fattoria dei Barbi.
Com certeza estará no meu roteiro de viagem à Toscana.
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