O que dizem os especialistas?
Falar da denominação Barolo sem usar expressões como: exceto, depende da safra, dependendo do produtor, dependendo da exposição do terreno, e outras tantas considerações, é como pisar num campo minado, dizendo que até aquele instante, está tudo sob controle. Este tema foi elaborado a pedido do meu amigo Roberto Rockmann, barolista convicto, em busca incessante de novas opiniões sobre uma das mais importantes e tradicionais denominações italianas.
Apesar de ser elaborado exclusivamente com Nebbiolo, esta uva é tão ou mais complicada que a própria Pinot Noir na Borgonha. Sua maturação é tardia, com um ciclo bastante longo. O próprio nome está ligado à época de colheita, com a característica neblina (nebbia) que se intensifica no começo do outono piemontês. Seus taninos são potentes e exigem um amadurecimento perfeito, dificultando ainda mais seu paciente cultivo. Portanto, é fundamental uma excelente exposição do terreno, preferencialmente a sudeste, como ocorre nos grandes vinhedos no hemisfério norte.
Esta breve introdução nos mostra o tamanho do problema. A despeito da pequena área desta denominação (imaginem um retângulo de oito quilometros de largura por doze quilometros de comprimento), tomar um barolo genérico é mais arriscado que tomar um borgonha comunal. Portanto, é fundamental conhecer o vinhedo específico e o estilo do produtor, para tentar entender o que se está tomando, de acordo com a característica da safra em questão.
As várias comunas de Barolo
O mapa acima mostra uma importante linha divisória no sentido longitudinal, separando a oeste um solo denominado Tortoniano, de um solo a leste denominado Helvético. O solo Tortoniano, típico da comuna de La Morra, é composto de marga (mistura judiciosa de argila e calcário) com presença marcante de manganês e magnésio. É um solo claro com uma leve nuance azulada, semelhante à cor gelo. A Nebbiolo cultivada neste tipo de solo gera vinhos mais aromáticos, precoces, com taninos mais dóceis. Já o solo Helvético, é composto de marga com presença marcante de ferro, dando uma aparência mais amarelada. Nebbiolo cultivada neste tipo de solo gera vinhos mais austeros, de maior acidez e taninos mais marcantes. São os chamados Barolos de guarda, muito típicos da comuna de Serralunga d´Alba.
Seguindo esta linha de raciocínio, os chamados produtores Modernistas procuram cultivar uvas Nebbiolo em solos do tipo Tortoniano, cujo terroir é mais favorável ao estilo moderno de vinficação, gerando Barolos de grande empatia.
Os chamados produtores Tradicionalistas encontram mais facilidades de expressar seus Barolos em solo do tipo Helvético, enfatizando toda a potência e austeridade desses vinhos.
Estilo Modernista
São Barolos aromáticos, agradáveis de beber mesmo em tenra idade, taninos relativamente macios e eventualmente, mostrando traços de barricas novas. Muito ao agrado do chamada gosto internacional.
Alguns Produtores: Domenico Clerico, Elio Grasso, Roberto Voerzio e Elio Altare.
Estilo Tradicionalista
São Barolos austeros, de grande acidez, taninos firmes, aromaticamente fechados quando novos. Vão se expressar melhor à medida que adquirirem aromas terciários (envelhecimento em garrafa).
Alguns Produtores: Massolino, Bruno Giacosa, Mascarello e Aldo Conterno.
Os produtores mencionados podem ser encontrados nas seguintes importadoras:
Grand Cru (Massolino): www.grandcru.com.br
Mistral (Giacosa): www.mistral.com.br
Vinci (Elio Altare e Domenico Clerico): www.vinci.com.br
Cellar (Aldo Conterno): www.cellar-af.com.br
Interfood (Elio Grasso): www.interfood.com.br
Decanter (Mascarello): www.decanter.com.br
World Wine (Roberto Voerzio): www.worldwine.com.br
O fator complicador de toda esta história reside no fato de definir claramente o tipo de solo predominante de um determinado vinhedo, além de saber exatamente, até que ponto o produtor em questão pende para a escola Modernista ou Tradicionalista. Some-se a isto, os fatores climáticos de cada ano e por conseguinte, a safra, e a apaixonante polêmica está armada.
Concluindo, para você encontrar seu Barolo de coração, procure saber sobre o produtor, seu estilo e seus vinhedos. Veja se esses dados estão de acordo com seu gosto pessoal. Posso garantir que para chegar neste estágio, muitos Barolos serão abertos. Então, vamos ao sacrifício!
O que eu digo?
O Barolo DOCG 2006 é um vinho de coloração vermelho alaranjada, como aromas de frutas maduras, corpo pesado, um vinho potente.
Harmonizei com Magret de Canard ao molho de laranja e gostei!
Tenho mais outra garrafa pra degustar e reavaliar a impressão.
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