quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Mapa do Mundo do Vinho: Chile

Chile

É o décimo maior produtor de vinho do mundo. Grande exportador, começou a se destacar no mercado com vinhos de alta qualidade a partir da década de 80 com a associação de suas uvas vinículas e grandes produtores mundiais da França e dos EUA. Protegido pelos Andes, desertos e o Pacífico, o Chile é o único país produtor de vinhos que nunca foi afetado Phyloxera, uma praga que ataca as raízes das videiras e causou a devastação mundial das vinhas no final do século 19.

Principais regiões: Atacama (Capiapó e Huasco), Coquimbo (Elqui, Limarí e Choapa), Aconcágua (Aconcágua e Casablanca), Vale Central (Rapel, Maipo, Curicó e Maule) e Sul (Itata e Bio-Bio).

Principais uvas: Tintas - Cabernet Sauvignon, Merlot, Shiraz, Carmenère, Pinot Noir, Cabernet Franc e Malbec. Brancas - Chardonnay, Sauvignon Blanc, Moscatel, Alexandria, Riesling e Viognier.

Os melhores tintos, os "superchilenos", são produzidos com as variedades Cabernet Sauvignon e Merlot. Nos últimos anos, a Shiraz vem surpreendendo com vinhos de ótima qualidade e a Carmenère começa a produzir rótulos importantes.

A região de Casablanca produz os vinhos Brancos mais frescos e aromáticos do Chile. O clima moderado e a influência marítima são responsáveis por bons Sauvignon Blanc e Chardonnay.

As classificações reserva e reservado nos rótulos não são indicativos de qualidade, é preciso confiar na qualidade do produtor.

Curiosidade: Até 1996 a Carmenère era confundida com a Merlot. Um exame de DNA nas parreiras constatou o erro. A Merlot amadurece cerca de três semanas antes que a Carmenère.

Vinho e Dor de cabeça

Quantas pessoas já sofreram dores de cabeça mesmo depois do consumo moderado de vinho?



O que dizem os especialistas?

O principal culpado por esta dor de cabeça tem nome e sobrenome: Anidrido Sulfuroso.

O Anidrido Sulfuroso é um produto usado como anti-séptico, anti-oxidante e conservante no vinho. Ele inibe a formação de microrganismos prejudiciais ao vinho e favorece a sua longevidade. Sua utilização é regulamentada por lei; na Itália, existe um limite de 160 mg/l para vinhos tintos e 210 mg/l para vinhos brancos e rose.

Não é simples determinar um índice aceitável, pois cada organismo reage a esta substância de forma distinta; entre os bons produtores há um consenso que o ideal é não ultrapassar 100 mg/l, mesmo a lei permitindo taxas mais elevadas.

A Organização Mundial de Saúde indica um índice mais conservador: eles consideram aceitável o consumo de, no máximo, 0,7 mg/l por quilo de peso corporal (isso significa que uma pessoa com 70 kg, não deve consumir mais de 49 mg/l de anidrido sulfuroso)!

Em 2003, publicações especializadas mostraram o resultado dos testes da quantidade Anidrido Sulfuroso em 28 garrafas de vinho branco de diferentes produtores e diferentes países, realizado num renomado laboratório de análises químicas de Torino. O resultado foi interessante: todos estavam dentro da lei (menos de 210 mg/l), mas 60% das garrafas tinham mais de 100 mg/l. Alguns tinham taxas baixíssimas de 5 mg/l enquanto outros chegavam a 175 mg/l.

A Legislação Brasileira pede a identificação da presença de Anidrido Sulfuroso no contra rótulo dos vinhos, mas a informação da quantidade não é obrigatória. Ele vem representado pela sigla INS 220.

Então, como se proteger?

Preste atenção, principalmente quando abrir uma garrafa de vinho branco, na presença de odores ocre e de enxofre, pois eles podem indicar excesso desta substância química.

Pesquise na Internet sobre os produtores; muitos expressam sua opinião sobre o assunto de forma bem clara.

Em caso de muita sensibilidade ao Anidrido Sulfuroso, opte por vinhos biológicos (no caso dos italianos, aqueles que tenham a garantia da AIAB - Associação Italiana por uma Agricultura Biológica).
Por fim, tome muito cuidado com vinhos de grande produção e muito baratos...

Saiba Mais

Existem pesquisas para encontrar alternativas para o Anidrido Sulfuroso no vinho. Uma delas usa a Quitosana (derivado da Quitina) como substituto.

O Anidrido Sulfuroso também é utilizado como conservante de alimentos e outras bebidas.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Harmonização: Vinhos e Massas II

O que dizem os especialistas?

Segundo Nelson Luiz Pereira – Diretor de Degustação da ABS-SP:

Harmonização: Pappardelle alla Lepre

Pappardelle é aquela massa larga, também chamada de fita, conforme figura abaixo. Pappardella alla Lepre é um dos mais tradicionais pratos toscanos. Infelizmente, Lepre ou Lebre em português é um animal cada vez mais difícil, por se tratar de caça. Normalmente, seu substituto imediato é a carne de coelho criado em cativeiro, em italiano, coniglio. Seu sabor não é tão marcante, mas apresenta resultados satisfatórios, principalmente se for adicionado funghi porcini na receita.


Pappardelle alla Lepre: Sabores da Toscana

Massas de um modo geral, não necessitam de vinhos muito espessos. Em particular, o pappardelle resulta numa textura mais rica. Além disso, o molho tem sabor marcante e aí estamos falando de tintos. Tanto no caso da lebre de caça, como do coelho com funghi porcini, tintos com certo envelhecimento encontram eco nos sabores do prato. Um Chianti Classico é a opção natural da Toscana. Mas atenção, precisa ser um Chianti Classico de verdade. Nomes como Castello di Ama, Fontodi, Fonterutoli e Castello dei Rampolla são altamente confiáveis. Esses vinhos com algum envelhecimento fornecem aromas defumados, de ervas e especiarias, muito apropriados ao prato. Um Rosso di Montalcino de um grande produtor também é uma bela opção. O importante é que sejam vinhos elegantes, de sabores marcantes sem serem pesados, criando uma sinergia com o prato. As importadoras dos vinhos acima citados são Mistral, Vinci, Expand e Cellar, respectivamente.


Saindo da Itália, portugueses do Dão ou espanhóis de Rioja apresentam textura compatível, desde que devidamente envelhecidos. Riojas entre as categorias Crianza e Reserva são os ideais. Vinhos do sul da França de Languedoc ou Provence, mesclando uvas como Carignan, Cinsault e Mourvèdre, podem ser boas alternativas.

Por fim, cuidado com vinhos do Novo Mundo. Dificilmente, envelhecem bem, além de apresentarem textura dominadora. Geralmente, são muito frutados, potentes, e com a madeira muitas vezes sobressaindo.

Gnocchi ou nhoque (aportuguesado) al ragù di manzo, mais conhecido como molho de carne, lentamente elaborado, é sempre um prato de sucesso. Cada um tem a sua receita e seus segredos, mas trata-se de uma das paixões nacionais, normalmente lembrada no dia 29 de cada mês, simbolizando fortuna ou bons presságios.
Nhoque: Uma das paixões nacionais

Nesta harmonização devemos ter especial atenção à textura da massa, muito macia e generosa. O molho de carne fornece sabores marcantes, reforçado pela opção do queijo parmesão ralado. Estamos falando de tintos, sobretudo italianos. O importante é que o vinho tenha textura compatível com o prato. A acidez não é tão relevante.

Neste contexto, um bom Dolcetto da região do Piemonte pode ser interessante, mas um Dolcetto de vinhedo e com certa estrutura. No Veneto, um bom Valpolicella Classico com predominância da uva Corvina é um parceiro tradicional. Outra boa escolha é um Montepulciano d´Abruzzo de procedência confiável. O produtor Nicodemi da importadora Decanter (www.decanter.com.br) é um porto seguro. Vinhos da Campania e Basilicata calcados na uva Aglianico podem ser boas escolhas. Não precisa ser os mais estruturados e envelhecidos, basta apresentarem força e juventude para o prato. Novamente, calibrando bem a força dos vinhos, tintos da Puglia baseados nas uvas Primitivo e Nogroamaro têm possibilidades. Mas atenção, esses vinhos podem ser dominadores e extremamente concentrados. Não é o caso do nosso prato. Cosimo Taurino é um belo produtor da Puglia importado pela Mistral (www.mistral.com.br).

Saindo um pouco da Itália, a uva Merlot costuma gerar vinhos com textura apropriada ao prato. Califórnia, Chile e África do Sul apresentam bons exemplares. Vinhos com força suficiente para o prato e sem excessos de madeira. Tintos do Alentejo (Portugal) com a dupla de uvas Argonês/Trincadeira, e do sul da França baseados na uva Grenache são escolhas interessantes. Bastam ter força aromática e o vigor da juventude para uma boa harmonização.

Evidentemente, dependendo do molho e da matéria-prima (batata-doce, ricota, semolina, espinafre, …) na confecção do gnocchi, a escolha do vinho pode ser bastante diversa, inclusive caminhando para os brancos. De todo o modo, a textura deste tipo de massa sempre pedirá vinhos mais macios e volumosos, com taninos (se for o caso) e acidez dosados de acordo com a gordura intrínseca ao molho.

Massa tradicional dos romanos, mas também difundida nas regiões de Lazio e da Úmbria. Os ingredientes além do espaguete, podem variar utilizando a pancetta (toucinho preparado com a barriga do porco), ou Guanciale (toucinho preparado com as bochechas do porco), ou bacon (alternativa comum, embora não original), ovos, azeite extra-virgem, sal, pimenta moída na hora e queijo pecorino romano (espécie de parmesão elaborado com leite de ovelha) ou parmesão (alternativa muito comum aqui no Brasil).

Prato tradicional na região de Lazio

Apesar de poucos ingredientes, as variações dos mesmos podem alterar significativamente o prato, principalmente para os mais puristas. No caso da pancetta, guanciale ou bacon, os dois primeiros não são defumados e sim, curados. Já o bacon, é defumado. O guanciale apresenta um sabor mais acentuado que a pancetta, porém de textura mais macia.

No caso do queijo, o pecorino normalmente é mais intenso e salgado que o parmesão. Esses fatores em conjunto acabam gerando sutilezas e características diferentes no resultado final. Portanto, um determinado vinho escolhido para um Carbonara original, pode não ser tão prazeroso para uma receita adaptada.

De todo modo, esta receita devido à presença de ovos, gordura e sal presente no queijo, nos leva para o campo dos brancos. Pensando na receita original, vinhos locais no caso de Lazio, são normalmente bastante inexpressivos. O vinho branco emblemático da região é o agradável Frascati (elaborado com uvas Malvasia e um pouco de Trebbiano). Contudo, precisa ser um Frascati de categoria, de personalidade. Alguns produtores de destaque são Castel de Paolis, Villa Simone e Fontana Candida. São vinhos com mais profundidade e que podem acompanhar o prato com relativo sucesso. Para outros brancos italianos, o Vernaccia di San Gimignano, típico toscano, pode ser uma bela alternativa, na versão sem madeira. No caso do Veneto, um bom Soave, elaborado com a uva autóctone Garganega, é outra alternativa segura. Todas essas opções, sempre com vinhos jovens e frescos.

Saindo da Itália, precisamos pensar em brancos de médio corpo, porém saborosos, pois o prato tem personalidade. O frescor da juventude ajuda a combater a gordura do prato e a salinidade do queijo. Um bom Alvarinho (Portugal) ou Albariño (Espanha) podem surpreender. Do lado francês, Macôn-Villages é a alternativa clássica. Se a opção do prato for pelo bacon, imprimindo um toque defumado mais acentuado, um Riesling australiano de Clare Valley pode resolver a questão. Evidentemente, um alsaciano pode ser testado, embora pessoalmente, seja muita sofisticação para o prato. Melhor um Riesling austríaco. No caso de espumantes, um Cava com toques minerais e com certa permanência sur lies (contato com as leveduras antes do dégorgement) pode ser bastante refrescante.

Sugestões em importadoras
Pieropan Soave Classico (www.decanter.com.br)
Cava Raventós Blanc Brut (www.decanter.com.br)
Don Olegario Albariño (www.grandcru.com.br)

Para aqueles que não abrem mão de tintos, restam algumas alternativas, sempre não tão boas como os brancos. Pode ser um Chianti não Classico ou um Barbera simples, ambos novos. Melhor um Valpolicella Classico ou um Montepulciano d´Abruzzo sem passagem por madeira. Até mesmo um Aglianico da Campania pode ser interessante, pelo toque mineral. O mais importante é o vinho ter bom frescor, fruta e taninos bem discretos. Procurar sempre as versões mais simples destas denominações no portfólio de cada produtor.

De todo modo, devemos respeitar a tipologia simples do prato, escolhendo vinhos não muito sofisticados, sobretudo pela presença dos ovos. Se o toque defumado do bacon for preponderante, um leve toque de madeira no vinho não trará problemas, embora a mineralidade seja um contraponto sempre melhor.

 Harmonização: Lasagne al Forno


Muitas variações para quem é bom de garfo

Eis uma das paixões da culinária italiana, amplamente difundida nos lares brasileiros. Cada qual tem sua receita, seu segredinho, para agradar todas as faixas etárias da família. Sendo mais uma modalidade das infindáveis massas italianas, torna-se um veículo transportador de sabores, advindos de ingredientes e preparações diversas que vão efetivamente contribuir para a escolha dos vinhos. Somente num site, podemos encontrar 57 receitas diferentes de lasanhas, que vão desde frutos do mar, bacalhau, todo reino vegetariano, queijos e carnes dos mais variados tipos.

Como ponto de partida, vamos eliminar brancos e tintos relativamente leves, além de extremos como alta acidez e elevada estrutura tânica. Precisamos de um corpo médio para bom, pois a textura do prato, bem como um certo volume, torna o conjunto mais agradável, sem uma sensação de vazio na avaliação final. Normalmente, o molho tem uma gordura agregada que pode ser facilmente combatida por uma acidez adequada e/ou uma tanicidade mediana. Portanto, ficam justificados os requisitos básicos. Não vamos pensar em Muscadet, nem Pouilly-Fumé, nem Tannat e nem Cabernet Sauvignon.

Quanto mais gordura untuosa tivermos na receita, como queijos e creme de leite, mais lembraremos da boa acidez natural dos brancos, contanto que tenham uma maciez agregada. É o típico caso dos Chardonnays, sempre com madeira discreta, se for o caso. Para as uvas italianas, Malvasia, Vermentino e Garganega (uva do Soave) cumprem bem o papel.

No caso dos famosos molhos ao sugo e bolonhesa (tomate e carne respectivamente), a acidez e concentração de sabores são determinantes. O molho de tomate geralmente pede vinhos de maior vivacidade, fruta e descomprometimento. Os tintos do sul da Itália são quase imbatíveis. Eles têm acidez na medida certa, além de corpo e fruta que o prato espera. Esta versão engloba a popular receita, intercalando fatias de mussarela e presunto.  Já o molho de carne, vamos falar de ragù sério, apurado lentamente em fogo brando. Podemos continuar no sul italiano, com vinhos mais estruturados, sem exageros. Pode ser um Negroamaro, um Primitivo ou bom Aglianico, todos tintos de grande raça do lado meridional da Bota. As opções do Novo Mundo podem ser um bom Malbec, Merlot ou Shiraz, não muito concentrados e nem muito amadeirados. Bastam ter fruta, juventude e frescor suficientes.

Sem esquecer dos vegetarianos, aqui talvez tenhamos que pensar em vinhos um pouco mais delicados. Um bom Chardonnay sem madeira (unoaked) é a pedida mais natural. Se for um tinto, um Cru de Beaujolais é perfeito (Fleurie ou Saint-Amour, preferencialmente). O Lambrusco é uma bela solução local, com fruta e acidez refrescante. O duro é encontrar aqui um verdadeiro Lambrusco como a DOC Grasparossa di Castelvetro na versão seca, e não os lambruscos comerciais com gaseificação duvidosa e excesso de açúcar.

Por último, lasanha de bacalhau ou de funghi porcini.  Ambas podem pedir brancos ou tintos elegantes e de certa evolução. Para o bacalhau, uma boa dica lusitana é o Redoma branco da Niepoort, importado pela Mistral (www.mistral.com.br). Já o funghi, pode ser o Chianti Classico Castello di Ama, também da Mistral.

Para as outras 50 receitas, não faltarão brancos e tintos italianos com seu vasto arsenal de uvas autóctones, espalhado de norte a sul. Buon appetito!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Sponsà Veronese


O que dizem os especialistas?


Sponsà IGT Veronese 2009

Elaborado no Distrito de Mezzane di Sotto, este vinho é um blend de Corvina (50%), Rondinella (20%) e Cabernet Sauvignon (30%). O que o torna diferenciado é o tratamento dado à Cabernet Sauvignon, que é desidratada por trinta dias e perde 20% de seu volume original antes da fermentação. Cada uva é fermentada e envelhecida separamente. O blend é feito depois de seis meses de estágio em barricas de carvalho francês de cinco mil litros.

O resultado é um vinho elegante, com aromas de especiarias, cedro e baunilha provenientes do carvalho, além de notas de caixa de charuto e noz-moscada referentes ao apassimento da Cabernet Sauvignon. O sabor é vivo, frutado de corpo médio e taninos macios. - Sommelier Wine

Par perfeito Indicado para queijos duros curados, antepasto de legumes grelhados e conservados em azeite, ravioli recheado com queijo gorgonzola, puxadas na manteiga de sálvia, lasanha de cogumelos com presunto cru, aves grelhadas e pernil suíno assado.

Envelhecimento 6 meses em barricas de carvalho.

Estimativa de guarda 5 anos



  O que eu digo?

O vinho Sponsà IGT Veronese 2009 (Tenuta Sant Antonio) é proveniente da região do Veneto, assim como os tintos Valpolicella e Amarone de Valpolicella e os espumantes Prosseco.


É elaborado com as uvas Corvina, Rondinella e Cabernet Sauvignon, passando 6 meses em barricas de carvalho e possuindo 13,5% de graduação alcoólica.

Na minha opinião, um vinho de coloração vermelho rubi intensa, aromas de frutas vermelhas, taninos macios, corpo médio, um vinho equilibrado e aveludado.

Tem um ótimo custo-benefício. Indico totalmente. Esse eu vou fazer estoque!


Barbaresco

E hoje abri um Barbaresco, da região de Piemonte. O Barbaresco está para o Barolo, assim como o Rosso de Montalcino está para o Brunello: enquanto os segundos passam 2 anos em carvalho, e têm uma graduação alcoólica maior, os primeiros passam apenas 1 ano, e têm graduação menor. O resultado são vinhos mais jovens, mais leves, mais macios, mais fáceis de beber.



O que dizem os especialistas?

Num passado não muito distante, sempre ouvíamos falar de Barbarescos e principalmente Barolos como vinhos austeros, duros e inacessíveis quando novos. A modernização na região trouxe novas formas de pensar esses vinhos, e hoje a própria legislação oferece liberdade para aqueles que desejam promover estilos mais modernos, numa linguagem mais atual.

Neste contexto, a idéia é privilegiar a fruta, dando mais liberdade no tempo de amadurecimento em madeira. Antigamente, este período mínimo era relativamente longo, proporcionando uma oxidação excessiva nos vinhos. Atualmente para os Barbarescos, o tempo mínimo de contato com a madeira caiu para nove meses, tanto o Barbaresco normal, como o Barbaresco riserva, sendo que o tempo total passou a ser 26 meses e 50 meses, respectivamente, até a liberação para a comercialização.


Da mesma forma, para os Barolos este tempo em madeira foi reduzido em 18 meses tanto para o Barolo normal, como para o Barolo Riserva. Já o tempo total até a comercialização passou a ser 38 meses e 62 meses, respectivamente.

Quem quiser comprovar estas mudanças, basta provar Barbarescos do produtor Bruno Rocca ou Barolos do produtor Cordero di Montezemolo. Ambos mostram vinhos modernos, com pouco presença de madeira, e fruta bastante evidente. São importados respectivamente, pelas importadoras World Wine (www.worldwine.com.br) e Tahaa (www.tahaavinhos.com.br).


Isto não quer dizer que este estilo de vinho seja melhor ou pior. É apenas mais uma opção disponível frente ao estilo tradicional , austero e oxidativo, que tem seus admiradores. Evidentemente, o mercado vai ditar com o tempo o convívio democrático entre os dois estilos ou até, o desaparecimento de um deles.

Tradicionalmente: Principais Diferenças entre Barbaresco e Barolo

Os dois vinhos são produzidos com uvas Nebbiolo.

Barolo e Barbaresco são conhecidos como “As Jóias da Coroa do Vinho do Piemonte”, ambos produzidos na região de Langhe, ao redor da cidade de Alba.

O Barbaresco é mais leve e elegante, enquanto o Barolo é mais poderoso e concentrado.
As diferenças fundamentais nas regras de produção destes vinhos são:
- tempo de envelhecimento: Barbaresco pelo menos dois anos, destes, um em barris de madeira e Barolo pelo menos três anos, destes, dois em barris de madeira
- graduação alcoólica mínima: Barbaresco 12,5% e Barolo 13%
- região de produção: Barbaresco e Barolo


Barolo

O que dizem os especialistas?

Falar da denominação Barolo sem usar expressões como: exceto, depende da safra, dependendo do produtor, dependendo da exposição do terreno, e outras tantas considerações, é como pisar num campo minado, dizendo que até aquele instante, está tudo sob controle. Este tema foi elaborado a pedido do meu amigo Roberto Rockmann, barolista convicto, em busca incessante de novas opiniões sobre uma das mais importantes e tradicionais denominações italianas.

Apesar de ser elaborado exclusivamente com Nebbiolo, esta uva é tão ou mais complicada que a própria Pinot Noir na Borgonha. Sua maturação é tardia, com um ciclo bastante longo. O próprio nome está ligado à época de colheita, com a característica neblina (nebbia) que se intensifica no começo do outono piemontês. Seus taninos são potentes e exigem um amadurecimento perfeito, dificultando ainda mais seu paciente cultivo. Portanto, é fundamental uma excelente exposição do terreno, preferencialmente a sudeste, como ocorre nos grandes vinhedos no hemisfério norte.

Esta breve introdução nos mostra o tamanho do problema. A despeito da pequena área desta denominação (imaginem um retângulo de oito quilometros de largura por doze quilometros de comprimento), tomar um barolo genérico é mais arriscado que tomar um borgonha comunal. Portanto, é fundamental conhecer o vinhedo específico e o estilo do produtor, para tentar entender o que se está tomando, de acordo com a característica da safra em questão.

[BaroloMap.jpg]
As várias comunas de Barolo

O mapa acima mostra uma importante linha divisória no sentido longitudinal, separando a oeste um solo denominado Tortoniano, de um solo a leste denominado Helvético. O solo Tortoniano, típico da comuna de La Morra, é composto de marga (mistura judiciosa de argila e calcário) com presença marcante de manganês e magnésio. É um solo claro com uma leve nuance azulada, semelhante à cor gelo. A Nebbiolo cultivada neste tipo de solo gera vinhos mais aromáticos, precoces, com taninos mais dóceis. Já o solo Helvético, é composto de marga com presença marcante de ferro, dando uma aparência mais amarelada. Nebbiolo cultivada neste tipo de solo gera vinhos mais austeros, de maior acidez e taninos mais marcantes. São os chamados Barolos de guarda, muito típicos da comuna de Serralunga d´Alba.

Seguindo esta linha de raciocínio, os chamados produtores Modernistas procuram cultivar uvas Nebbiolo em solos do tipo Tortoniano, cujo terroir é mais favorável  ao estilo moderno de vinficação, gerando Barolos de grande empatia.

Os chamados produtores Tradicionalistas encontram mais facilidades de expressar seus Barolos em solo do tipo Helvético, enfatizando toda a potência e austeridade desses vinhos.

Estilo Modernista

São Barolos aromáticos, agradáveis de beber mesmo em tenra idade, taninos relativamente macios e eventualmente, mostrando traços de barricas novas. Muito ao agrado do chamada gosto internacional.
Alguns Produtores: Domenico Clerico, Elio Grasso, Roberto Voerzio e Elio Altare.

Estilo Tradicionalista

São Barolos austeros, de grande acidez, taninos firmes, aromaticamente fechados quando novos. Vão se expressar melhor à medida que adquirirem aromas terciários (envelhecimento em garrafa).
Alguns Produtores: Massolino, Bruno Giacosa, Mascarello e Aldo Conterno.

Os produtores mencionados podem ser encontrados nas seguintes importadoras:

Grand Cru (Massolino): www.grandcru.com.br
Mistral (Giacosa): www.mistral.com.br
Vinci (Elio Altare e Domenico Clerico): www.vinci.com.br
Cellar (Aldo Conterno): www.cellar-af.com.br
Interfood (Elio Grasso): www.interfood.com.br
Decanter (Mascarello): www.decanter.com.br
World Wine (Roberto Voerzio): www.worldwine.com.br

O fator complicador de toda esta história reside no fato de definir claramente o tipo de solo predominante de um determinado vinhedo, além de saber exatamente, até que ponto o produtor em questão pende para a escola Modernista ou Tradicionalista. Some-se a isto, os fatores climáticos de cada ano e por conseguinte, a safra, e a apaixonante polêmica está armada.

Concluindo, para você encontrar seu Barolo de coração, procure saber sobre o produtor, seu estilo e seus vinhedos. Veja se esses dados estão de acordo com seu gosto pessoal. Posso garantir que para chegar neste estágio, muitos Barolos serão abertos. Então, vamos ao sacrifício!

O que eu digo?

O Barolo DOCG 2006 é um vinho de coloração vermelho alaranjada, como aromas de frutas maduras, corpo pesado, um vinho potente.



Harmonizei com Magret de Canard ao molho de laranja e gostei!



Tenho mais outra garrafa pra degustar e reavaliar a impressão.

Brunello de Montalcino

Brunello di Montalcino é um dos maiores ícones da Toscana,  dividindo enorme prestígio com seus rivais, Barolo (Piemonte) e Amarone della Valpolicella (Veneto).

Nasce 100% Sangiovese, mas um clone especial chamado Sangiovese Grosso, desenvolvido por Ferruccio Biondi-Santi, inventor do Brunello, no fim do século dezenove. De lá para cá, muita fama, muito prestígio e muita expansão territorial. Hoje o Consórcio dos Brunellos conta com mais de  duzentos produtores (www.consorziobrunellodimontalcino.it).

A localização com relação a tipo de solo e altitude, somados ao estilo do produtor, confere enorme diversidade entre os Brunellos. No fundo, é o velho conceito de terroir que tentaremos esclarecer a partir do mapa abaixo:


Diversidade de altitudes e solos

Imaginem uma grande área quadrada com lados de dezesseis quilômetros, delimitada por vários rios (Asso, Ombrone e Orcia), onde no centro desta área (próximo à cidade de Montalcino) esteja o vértice de uma pirâmide com a referida base quadrada. As linhas em azul no mapa acima simbolizam este conceito.

Atualmente, os Brunellos dividem-se em Tradicionalistas e Modernistas, fato cada vez mais corriqueiro nas famosas denominações da Itália. O chamado estilo tradicionalista deriva de Brunellos de longas fermentações, com acidez marcante e amadurecimento em grandes botti (tonéis de grande dimensão) por longos períodos, fornecendo um toque oxidativo ao vinho. Já o chamado estilo modernista, apresenta Brunellos mais frutados, mais macios e amadurecidos em barricas preferencialmente francesas, sendo muito mais agradáveis quando novos e caindo no gosto do chamado mercado internacional. Portanto, é preciso descobrir este estilo, conhecendo o produtor e muitas vezes, perceber nas condições de terroir, uma vocação genética inerente a um determinado estilo.

Falar de Brunello e não falar de Biondi-Santi é como ir a Roma e não ver o Papa. Este é a referência do estilo tradicionalista, com vinhedos (o famoso vinhedo Il Greppo) acima de 480 metros ao nível do mar, muito próximos do vértice da pirâmide. Nesta altitude, uma das maiores em Montalcino, aliada a um solo com forte presença de calcário (além de argila e areia), as uvas têm um longo período de amadurecimento, gerando vinhos tânicos e de elevada acidez. Este cenário contribui sobremaneira para um estilo tradicionalista encabeçado por Biondi-Santi e seus seguidores.

Focando agora o extremo sul da região, temos o produtor Castello Banfi, situado a menos de 200 metros ao nível do mar, gerando uvas de fácil maturação, num solo rico em galestro, contribuindo para um Brunello mais macio e apto a um amadurecimento em madeira mais brando. É o chamado estilo modernista, com enorme aceitação no mercado americano.

Em resumo, salvo as exceções, na região central do mapa e também para o lado sudeste, temos em média, as maiores altitudes, propiciando um estilo mais tradicionalista. O lado sul do mapa, incluindo a parta sudoeste, apresenta as menores altitudes, pendendo para um estilo mais modernista. Já a parte norte do mapa, detalhes da localização do vinhedo e filosofia do produtor, são muito importantes para definirmos um estilo.

O fato é que Montalcino, por se encontrar mais ao sul que a região do Chianti Classico, além de uma maior influência marítima, apresenta condições climáticas bem mais favoráveis ao amadurecimento das uvas, sem perder acidez, ou seja, o clima é mais quente, menor risco de chuvas e altitudes suficientes para manter frescor nas uvas.

Estilo Tradicionalista
  • Biondi-Santi (importadora Mistral)
  • Azienda Costanti (importadora Mistral)
Estilo Modernista
  • Castello Banfi (importadora World Wine)
  • Azienda Agostina Pieri (importadora Cellar)
  • Azienda Argiano (importadora Vinci)
A atual legislação colaborou muito para termos Brunellos que respeitem seu estilo e seu terroir. O amadurecimento mínimo em madeira é de dois anos, período muito inferior ao que era exigido no passado, embora a linha tradicionalista goste de seguir este caminho. De todo modo, houve mais liberdade para produtores com outros critérios de elaboração.

A versão Rosso di Montalcino parte geralmente de parreiras mais jovens e trechos menos favorecidos dos vinhedos de cada produtor. Não há obrigatoriedade em amadurecer o vinho em madeira. Neste caso, o vinho pode ser tomado mais jovem, por um preço mais acessível, embora sem a complexidade dos grandes Brunellos.


Em termos de legislação, Brunello di Montalcino é DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita), enquanto Rosso di Montalcino é apenas DOC.

O que eu digo?

recebeu incríveis 93 pontos de Robert Parker e 92 pontos da Wine Spectador.
Tem coloração alaranjada, e ao colocar na taça um aroma de álcool muito forte. Após alguns minutos "decantando" na taça apresentou aromas de frutas vermelhas. Um vinho bem encorpado e de taninos fortes. Particularmente, gosto de vinhos mais macios. Como comprei duas garrafas, farei outra degustação para uma segunda avaliação.


A Vinícola:

A Fattoria dei Barbi (www.fattoriadeibarbi.it) é uma vinícola localizada em Montalcino, Toscana, num local bonito onde pode-se visitar as caves e ainda conta com um restaurante de qualidade (reservas necessárias). Como não poderia deixar de ser, a especialidade deles são os vinhos Brunellos, Rossos e Chiantis.



Barrica de carvalho da Fattoria dei Barbi.


Caves da Fattoria del Barbi.


Local de armazenamento da coleção de garrafas da vinícola.


Decoração da coleção de garrafas da vinícola.


Local de armazenamento da coleção de garrafas da vinícola.


Caves da Fattoria dei Barbi.

Com certeza estará no meu roteiro de viagem à Toscana.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Amarone

O que dizem os especialistas?

Em pé de igualdade com o Barolo e o Brunello di Montalcino, o marcante Amarone completa o que podemos chamar de Santíssima Trindade da enologia tradicional italiana.


Elaborado basicamente com as uvas Corvina, Rondinella e Molinara, corte típico também dos Valpolicellas e Bardolinos, é um vinho de grande personalidade e peculiar ritual de elaboração. A alta porcentagem de uvas Corvina nos dá uma bela idéia da estrutura do vinho. É a espinha dorsal deste famoso corte.

Após a colheita das uvas, as mesmas são colocadas geralmente em caixas plásticas em galpões de boa ventilação, para secarem por até quatro meses, perdendo água e concentrando açúcares (o peso das uvas  normalmente cai em 40%). Evita-se ao máximo a formação da Botrytis (o famoso fungo dos vinhos de Sauternes), procurando sempre locais bem arejado.


Findo o período de appassimento (vide uvas enrugadas na foto acima), inicia-se o longo processo de fermentação. A quantidade  brutal de açúcares nas uvas e a baixa temperatura nesta época na região, são os dois principais fatores que dificultam a fermentação total do mosto. Portanto, é comum esta fermentação acontecer em duas etapas, sendo que na segunda, incorpora-se ao mosto, já com destacado teor alcoólico, a particular levedura Saccharomyces Bayanus, uma das mais resistentes para prosseguir a fermentação em meio fortemente alcoólico. Aí sim, praticamente ou totalmente, os açúcares são todos transformados em álcool, tornado o vinho seco, com teores discretos de açúcar residual. A legislação exige um teor mínimo em álcool de 14 graus.

Em seguida, o vinho recém acabado passa por um estágio considerável em madeira, de acordo com a filosofia de cada produtor. Pode comumente haver passagem por barricas e tonéis maiores, visando um aporte equilibrado de madeira em relação à estrutura do vinho.

O resultado é um vinho vigoroso, quente, macio, com acidez moderada e taninos bastante dóceis. É quase um vinho do Porto seco. De qualquer modo, é grandioso, e por isso sempre lembrado como um vinho de meditação. Faz parceria perfeita com o grande queijo regional Grana Padano.


Quintarelli: um mito da denominação Amarone

Conforme decreto do Ministero delle Politiche Agricole Alimentari e Forestali em 24 de março de 2010, a DOC Amarone della Valpolicella foi promovida a DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita). A nova legislação vale a partir da colheita de 2010, a qual após ser vinificada e devidamente amadurecida em madeira, estará pronta para a comercialização em final de 2012 e início de 2013. Portanto, há um período de transição até que os futuros Amarones apresentem o característico selo DOCG junto às capsúlas das garrafas.
Alguns detalhes técnicos da denominação:
  • As uvas passificadas não podem ser vinificadas antes do dia primeiro de dezembro.
  • O período mínimo de amadurecimento após a vinificação não deve ser inferior a dois anos a partir de primeiro de janeiro do ano sucessivo à colheita. No caso da especificação Riserva, este período passa para quatro anos.
  • A versão doce do Amarone denominada Recioto della Valpolicella, a qual também foi promovida à DOCG, prevê um teor mínimo em álcool de 12 graus e açúcar  residual equivalente a 2,8 graus de álcool potencial.
Evidentemente, os produtores de destaque superam e muito as exigências mínimas.
Neste inverno, pode ser um dos vinhos mais românticos e apropriados à mesa. Afinal, os famosos vale de Negrar, Fumane, Marano e Valpantena,  onde nascem essas belas uvas, estão muito próximos à Verona, marco de Romeu e Julieta.

O que eu digo?

Um vinho que me surpreendeu positivamente!

Este vinho Amarone della Valpolicella Cesari Classico 2007 recebeu 90 pontos da Wine Spectador e 91 pontos da Wine Entushiast


Coloração vermelho escuro, aroma de frutas vermelhas maduras, taninos macios e equilibrados, corpo médio a longo, com leve amargor no final. Um excelente vinho que harmonizou bem com queijo parmesão, provolone, brusqueta e presunto de parma.




Lojas de Vinho com Frete Grátis


Wine


A Wine é hoje a maior loja de vinhos da América Latina

Lançada na internet em novembro de 2008, oferece atualmente mais de dois mil rótulos de vinhos finos das principais regiões vitivinícolas do mundo, além de acessórios para degustação e produtos gourmet.

Com mais de 60 mil clientes ativos em todo o país, e com mais de 35 mil pedidos por mês, num total de 145 mil garrafas mensalmente entregues, a Wine opera um Centro de Distribuição de última geração com cerca de 6 mil metros quadrados e totalmente climatizado.

De lá saem os produtos que são entregues em embalagens especialmente desenvolvidas (as WineBox®) para que os vinhos cheguem aos destinos de forma segura e com a máxima qualidade possível.


Da Confraria


Aqui o frete é grátis para compras acima de R$ 99,00. Para compras abaixo desse valor, o frete é fixo: R$ 25,00 para todo Brasil.

Harmonização: Vinho e Feijoada II

O que dizem os especialistas?

Segundo Bruno Agostini - Enoteca ( 09.01.2013) 

Muito já foi falado, inclusive recentemente aqui (e mais de uma vez) a respeito da harmonização de vinho com feijoada.



Há quem defenda apenas a cachaça, além de batida de limão e caipirinha. Adoro uma boa feijoada com boa pinga. E acho até que toda a feijoada deveria começar com uma batidinha de limão, com um copinho de cachaça. Uma maravilha, para tomar um caldinho de feijão.

Também acho que um bom espumante, especialmente os rosados, também batem um bolão para abrir os trabalhos numa tarde de feijoada. Um Lambrusco (os mais secos, claro) é uma beleza nesse caso, mas é preciso escolher bem o produtor. A Decanter traz ao Brasil um dos grandes nomes dessa denominação tradicional da Emília-Romana, a Medici Ermete: escolha o Lambrusco Reggiano Concerto 2010). E a Mistral apresenta outro grande produtor, Pederzana: escolha o Lambrusco Grasparossa di Castelvetro. Eesses vinhos borbulhantes poderiam até mesmo, claro, acompanhar todo o nosso almoço. Uma pena que a Chandon não produza mais o Rouge, que faria um belo papel aqui. O ideal é que sejam espumantes leves e frutados, divertidos, com pouco tanino.

Acho ótimo um espumante rosado ou tinto com a feijoada. Mas acontece que, na hora que a coisa fica séria, quando nos sentamos para comer a valer, eu gosto mesmo é de estar acompanhado de uma taça de vinho tinto. Aí, eu aceito muitas variantes. Posso ficar contente com um Borgonha (pode até ser um bom Beaujolais) e mesmo com um Malbec, desde que com uma boa acidez e sem madeira tapando a fruta.
Há quem defenda a corrente de que um Tannat seria a uva mais adequada. Já provei e gostei, lembrando que esta é a uva típica do Madirán, berço do cassoulet, e feijoada francesa, de feijão branco. Provei, certa vez, juma bela feijoada com o Amat, da família Carrau. Achei uma beleza de encontro.
Por outro lado também curto um bom e aveluado Merlot.

O que não dá é para ficar com a taça vazia, ao acompanhar uma feijoada.

Esse papo todo é para dizer que, diante de tantas dúvidas a respeito de qual vinho se harmoniza bem com uma feijoada, a Wine With Spirit chega ao Brasil mostrando apetite e bom humor, ao lançar o Feijoada & Co, um vinho que se daria muito bem com a feijoada, corte de Castelão (75%), Trincadeira (14%) e Aragonez (12%). 


Recebi uma garrafa na semana passada, e sem ter provado ainda, e sem ter previsão de traçar uma feijoada nos próximos dias, acabei ficando tentado a escrever mesmo sem ter degustado o vinho, que traz no rótulo até mesmo a receita do prato. 

O vinho se chama Feijoada & Co, e aparece no alto do post, vendido pela Wine With Spirit, que produz uma série de vinhos com nomes e rótulos irreverentes, como Love You Forever (tinto e espumante); Dine With Me Tonight (tinto e branco), Bread & Cheese; Carpe Noctem Voyer; e Meet & Meat.

Não sei se vai dar certo. Mas seguramente a feijoada ganhou mais um vinho a cortejá-la.

E vamos acabar de uma vez com esse papo de que feijoada e vinho não se bicam. Se quiser beber uma cerveja ou uma caipirinha, tudo bem, vai em frente. Mas me deixa beber o meu vinho em paz.

Atualização:

Há quem sugira um Tannat para acompanhar a feijoada, por conta de sua estrutura musculosa, capaz de enfrentar o vigor do prato, e também por razões culturais (vamos lembrar que o Tannat é o vinho do Madirán, por sua vez o berço do cassoulet, a feijoada francesa, de feijão branco, com ervas, carne de pato e, muitas vezes, cordeiro).



Eu gosto de acompanhar a feijoada com vinhos tintos. Mas prefiro os mais leves. Neste sentido, o Feijoada & Co. é mesmo um achado. Os portugueses foram sagazes, e criaram um tinto que se casa perfeitamente com este ícone da cozinha brasileira. Para ler o post completo da degustação Vinho e Feijoada clique aqui.

Por coincidência, coincidência mesmo, o vinho entrou esta semana na lista do Selo Reserva, e está sendo vendido a R$ 54,90.

Harmonização: Vinho e Feijoada

O que dizem os especialistas?



Se você acha que feijoada não combina com vinho, pode rever suas convicções. Veja quais os melhores tintos para acompanhar o prato.


O tema “harmonização” – a escolha do vinho adequado para cada prato – está muito em voga no Brasil. Busca-se aqui descobrir qual vinho seria ideal para os pratos típicos, já que não temos tradição em vinho e estas receitas historicamente não eram consumidas com vinho. O caso mais estudado é a feijoada, cartão portal da culinária verde e amarela. A feijoada tem suas origens na relação entre o senhor de engenho, muitas vezes um colonizador português, e os escravos africanos. Enquanto as melhores partes do porco iam para a casa grande, a senzala comia as o que era desprezado (pé, orelha etc). Somou-se a isso o feijão preto de origem americana, e as influencias de pratos portugueses da Estremadura, das Beiras e de Trás-os-Montes e Alto Douro, que misturam feijão (não o preto) à lingüiças, orelha e pé de porco, além de outros pratos europeus como o cassoulet (França), o cozido madrileño (Espanha) e a “casserola” milanesa (Itália). Hoje a feijoada é um cozido de feijão preto e carnes (carne seca, lombo, costela, pé, orelha, rabo, paio, lingüiça e língua de boi), temperado com pimenta vermelha, cebola, alho, azeite, louro e geralmente servida com arroz branco, fatias de laranja, couve, farofa e molho de pimenta.

O LOCAL E OS CONVIDADOS

Harmonização é uma ciência eminentemente prática. Reuni portanto um grupo de abnegados amantes do vinho que emprestaram seus palatos a esta experiência em um restaurante de nome bastante sugestivo. A “Casa da Feijoada” (Rua Prudente de Moraes 10, Ipanema, Rio de Janeiro), que oferece um único prato e faz fila à porta com pessoas (muitos turistas) que buscam provar a verdadeira feijoada.
À nossa “mesa-laboratório” sentaram-se: Embaixador António Almeida Lima – Consul Geral de Portugal no Rio de Janeiro, Solange Amado – empresária, Lauro Carvalho – enófilo, Marcelo Velloso – empresário, e Leonardo Braga – proprietário da Casa da Feijoada.

A ESCOLHA DOS VINHOS

Escolher um vinho para acompanhar a feijoada não é tarefa banal. O prato oferece alto nível de sabor, aroma, sal e gordura, um toque de amargor do feijão preto e a picância da pimenta, em maior ou menos grau, pois esta é acrescentada a gosto na hora de comer. Escolhi uma ampla gama de vinhos portugueses:
Um espumante branco brut muito vivaz – Vértice Super Reserva 2000, Douro.
Um espumante tinto bastante usado para acompanhar o leitão da Bairrada – Raposeira Tinto 2003, Douro.
Um refrescante branco – Alvarinho Muros Antigos 2006, Anselmo Mendes, Minho.
Um tinto alentejano, moderno, macio e com madeira nova – Casa de Sabicos Reserva 2004.
Um tinto da Bairrada, mais tradicional, fermentado em lagares e com estágio em madeira usada – Casa de Saima Bairrada Garrafeira 2001.

A PRÁTICA

Como sempre faço em eventos de harmonização sugiro que todos os vinhos sejam provados antes da chegada do pratos, para mostrar como realmente o perfil do líquido muda diante da comida. Puro todos os vinhos agradaram bastante, a exceção do Raposeira, pois a união da acidez borbulhante do espumante com taninos causou estranheza.

A feijoada, como manda o figurino veio fumegante. Todos então comeram provando todos os vinhos e deram duas opiniões, em um agradável debate sobre a “performance” de cada caldo. O Alvarinho foi unanimemente descartado, apesar de excelente, pois sumiu diante da maior estrutura do prato. O Vértice foi muito elogiado e foi um bom companheiro para a feijoada, embora sem sinergia com o prato. O Casa de Sabicos, outro vinho muito bom, teve seu perfil madeirado e de “doçura” nos taninos e álcool exacerbado pelo prato, o que a poucos agradou, sendo elogiado apenas por Solange, uma amante dos tintos aveludados. O Bairrada encantou por sua elegância e complexidade, mas esperava-se mais taninos desde filho da Baga. Faltou-lhe impacto no paladar para enfrentar a força da carne gordurosa e, com o feijão sobrou um pouco de amargor no fim de boca. O campeão, quem diria, foi o Raposeira tinto, que puro desagradou, mas que cresceu com o prato, e mais ainda com a pimenta. Como lembrou o Sr. Embaixador António Almeida Lima, “todo casamento precisa de modéstia” e o vinho que antes mostrou-se o mais humilde era ao final o mais prendado, como uma “gata borralheira”.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Campanha

Lançada campanha para aumentar consumo de vinho no Brasil

 

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras), a Associação Brasileira de Exportadores e Importadores de Bebidas (Abba), a Associação Brasileira de Bebidas (Abrab), a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) e o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) lançaram na manhã de hoje (22/01/13)uma campanha para aumentar o consumo de vinhos no Brasil. O objetivo é ampliar o consumo per capita de 1,9 litro para 2,5 litros anuais até o fim de 2016.

"Em conjunto, todos os elos da cadeia do vinho têm ainda como meta ampliar a venda [anual] de vinhos finos brasileiros de 19 milhões para 40 milhões de litros em quatro anos", informou comunicado divulgado pela Abras.

O grupo de trabalho lançou também a campanha "No verão, vá de vinho branco", para aumentar a venda desse tipo de bebida no varejo em 20% entre janeiro e março na comparação com o verão do ano passado. O foco serão os supermercados. Os materiais de campanha estarão espalhados nos pontos de venda. A Abras informa que já aderiram à campanha cerca de 20 lojas de supermercados em Porto Alegre e 30 em São Paulo.

As associações também vão incentivar o projeto "Conhecendo os vinhos do Brasil", que será realizado entre os dias 31 e 3 de fevereiro na Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul.

"Trata-se de uma missão comercial, com rodadas de negócios para integrar compradores de supermercados" convidados por Abras, Abba, Abrab, Uvibra e Ibravin, informou o comunicado da Abras. O documento afirmou também que está confirmada a participação de 40 vinícolas e 50 compradores de diversas redes.
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Particularmente tenho a seguinte opinião:

É preciso, para isso, que o vinho nacional: 1- chegue aos supermercados com preço atraente ao consumidor; 2- que tenha preço competitivo com os chilenos e argentinos, avaliados pela qualidade equivalente; 3- que o produtor nacional preocupe-se mais com a qualidade de seu vinho e não apenas queira que o brasileiro acredite que é tão bom quanto o importado.* Apenas uns poucos podem ser comparáveis a chilenos e argentinos, e esses aparecem com preços de bordeaux.

*Fato semelhante aconteceu no Brasil desde que a Brahma e a Antártica viraram AnBev e passaram a ser fabricadas pela mesma empresa: tudo piorou. Sabor, qualidade, durabilidade, viraram cervejas aguadas. Uma boa exceção é a Eisenbahn de Santa Catarina.

Vinho Santo?

Um australiano afirma ter descoberto a fórmula do vinho tinto que concentra o maior número de benefícios para a saúde sem alterar a qualidade nem o sabor.

"Estivemos buscando este antioxidante, presente em ínfimas quantidades no vinho, e elevamos a um nível tal para que tivesse efeito sobre a saúde", explicou nesta terça-feira (22/01/13) à AFP Greg Jardin, um bioquímico de Brisbane, no Estado de Queensland (leste da Austrália).

Graças a isso, a bebida poderá ser consumida com moderação, atuando como anti-inflamatório e no combate a doenças como artrite ou fadiga crônica, graças às propriedades antioxidantes do vinho tinto.
Mas introduzir antioxidantes no vinho faz com que não seja possível bebê-lo devido ao seu alto conteúdo de taninos. Modificando estes componentes para que sejam lipossolúveis e melhor assimilados pelo corpo, o cientista assegura conseguir transformá-lo em potável.

Este vinho especial é produzido observando os cânones, mas acentuando o processo em algumas das etapas, explicou. "Não foi feito nada diferente no seu preparo", declarou o químico, que qualificou a bebida como "puro vinho tinto".

"Esta tecnologia do polifenol modificado poderia também ser utilizada na elaboração de outras bebidas ou alimentos", segundo Greg Jardine.

Lindsay Brown, farmacologista da Universidade de Queensland do Sul, experimentou o processo, que efetivamente parece melhorar a saúde de ratos paralisados pela artrite.

"Impede completamente a inflamação, o inchaço e a rigidez das patas", declarou.

Mas, igual a muitos de seus colegas, a farmacologista adverte os perigos de considerar o vinho como um medicamento. "O vinho é uma bebida consumida por boa parte da população. O problema é as pessoas acreditarem que vão poder beber uma garrafa por dia".

Vários estudos epidemiológicos demonstraram que beber vinho tinto com moderação reduz o risco de doenças cardiovasculares, e é bom para as articulações.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Tabela Prática de Harmonização

Pra quem está começando a estudar e aprender sobre a enogastronomia, como eu, é comum encontrar várias dicas de harmonição em vários sites e blogs especializados, mas, muitas vezes, para um determinado prato, é sugerido um "tinto leve", um "tinto médio", um tinto "encorpado", um branco "médio", e por aí vai.

Essas dicas trazem outro problema: mas como saber qual vinho é um tinto mleve, médio ou encorpado sem ter que provar todos? Encontrei algumas tabelas do nível básico ao intermediário de harmonização, que podem solucionar estes problemas. O nível avançado serão cenas de um próximo e longícuo capítulo. Até lá, vou degustando o longo caminho a percorrer... pois a enogastronomia é uma ciência que, quando transgredida, possivelmente me matará apenas de prazer!
 

60 Dicas de Harmonização

Geralmente a culinária de uma região harmoniza perfeitamente com o vinho da mesma região. Em todo caso, seguem algumas dicas clássicas de harmonização:
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1.- Ostras com Chablis.
2.- Macarrão ao Sugo com Chianti.
3.- Foie Gras fresco com Sauternes.
4.- Queijo de Cabra com Sancerre.
5.- Codornas com Borgonha tinto.
6.- Queijo de friso azul com Porto.
7.- Crème Brûlée com Sauternes ou Late Harvest
8.- Frutas secas (nozes, avelãs) com champagne millesimée.
9.- Perdiz com Borgonha tinto.
10.-Picanha com Tannat/Malbec
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1. Confit de Canard com tinto encorpado.
2. Escargots à la Bourguignonne.
3. Coq au Vin com Borgonha
4. Magret de canard com Bordeaux tinto.
5. Canard a l’Orange com Borgonha tinto.
6. Terrines com brancos acídulos.
7. Queijo de Cabra com Sancerre, Pouilly-Fumé ou Sauvignon Blanc do Novo Mundo.
8. Foie Gras em conserva com Riesling Auslese ou Gewürztraminer alsaciano ou do Novo Mundo.
9. Ostras com Muscadet de Sévre et Maine.
10. Ostras com Champagne Brut.
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1.  Cassoulet com Tannat do Madiran, Malbec de Cahors ou Corbiéres. Tannat do Uruguai e Malbec Argentino também são bem-vindos.
2. Carré de Cordeiro com Bordeaux (Médoc ou Pauillac).
3. Trufas negras com tintos escuros e potentes.
4. Risotto alla Milanese com Dolcetto ou Barbera
5. Risotto a Primavera com vinhos rosados ou tintos leves.
6. Polenta com Chianti ou Valpolicella – tintos médios.
7. Lasanha à bolonhesa com tintos de médio corpo.
8. Brasato al Barolo com Barolo.
9. Massa à bolonhesa com tintos de médio corpo.
10. Capeletti in Brodo com tintos ligeiros.
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1. Camarão e Lagosta com brancos da Côte d’Or ou Chardonnay do Novo Mundo
2. Gorgonzola com Vin Santo.
3. Bouillabaisse com rosé da Provença.
4. Plâteau de fruits de mer com Muscadet sur Lie.
5. Mexilhão à Provençal com rosés da Provença.
6. Rãs à dorê com brancos delicados.
7. Ratatouille com rosés da Provença ou Sauvignon Blanc.
8. Prosciutto di Parma com Malvasia..
9. Chucrute Garni com Riesling Alsaciano.
10. Boeuf Bourguignon com tinto da Borgonha.
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1.- Pizza de Mussarela com tintos leves.
2.- Bife à parmegiana com tintos de médio corpo.
3.- Polpettone à parmegiana com tintos encorpados.
4.- Minestrone com tintos de médio corpo.
5.- Trufas brancas de Alba com Barbaresco ou Barolo
6.- Carpaccio com vinhos rosés.
7.- Ossobuco com tintos estruturados.
8.- Paella preferencialmente com rosados espanhóis.
9.- Tapas com Jerez.
10.- Gazpacho com Jerez.
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1.- Lombinho de porco assado com Chardonnay barricado.
2.- Chuchu com camarão e Chardonnay sem madeira.
3.- Camarão na moranga com brancos de médio corpo.
4.- Bobó de camarão com brancos encorpados.
5.- Carne seca com vinhos rosados ou tintos de pouco tanino.
6.- Cuzcuz paulista com Chardonnay encorpado.
7.- Rabada com molho intenso com tintos pesados, encorpados.
8.- Estrogonofe com tintos de médio corpo.
9.- Caviar com champagne.
10.- Sushi/Sashimi com espumante ou champagne.
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Fonte: Coleção Folha o Mundo do Vinho – A Harmonização do Vinho.

Bourgogne (Borgonha)




Esse é o Louis Latour Bourgogne Cuvée Latour Rouge um vinho da uva Pinot Noir, safra 2010, característico da região da Bourgogne, França, um vinho tinto de ótimo custo benefício.

Apresenta coloração rubi, característica dos vinhos jovens, aromas de frutas vermelhas, corpo leve, taninos macios, fácil de beber. Harmonizou bem com um dos meus pratos preferidos da culinária francesa: Magret de Canard ao molho de mel e laranja. Mas também é um ótimo acompanhamento para Codorna assada com purê.



A Borgonha é umas das principais regiões vinícolas da França, estando dividida em cinco principais sub-regiões, que ainda são divididas em mais outras 40. Só os vinhedos mais importantes são quase 600. Um grande passeio é percorrer a Rota dos Vinhos de Bourgogne.



Basicamente, os principais vinhos da Borgonha são elaborados com duas uvas: os brancos com a chardonnay e os tintos com a pinot noir. Para alguns críticos de vinhos, é nessa região que essas duas uvas alcançam a excelência, resultando em vinhos excepcionais e caros, variando de preços dependendo da safra.

Esta região francesa é o reino da Chardonnay. Berço de alguns dos rótulos mais cobiçados do mundo, como Montrachet e Meusault, a Borgonha dá origem a vinhos em estilos variados produzidos com a Chardonnay, dos mais minerais, refrescantes e clarinhos, que devem ser bebidos mais jovens, como a linhagem dos Chablis, até os mais maduros, imponentes e de coloração dourada, como os já citados Meursault, que podem envelhecer por décadas.

Ocorre que na Borgonha o clima interfere muito na qualidade das uvas, deixando os vinhos diferentes de um ano para outro. Estamos falando da região mais fria e mais ao norte entre as que elaboram vinhos tintos. A falta de sol e as chuvas atrapalham tanto, que os vinhos podem ser medíocres, sem corpo, sem atrativos, mesmo os dos produtores mais importantes.

Nos rótulos encontraremos a palavra domaine, mas se você não tiver um livro sobre vinhos à mão, não se desespere. Um domaine é um terreno que pode conter vários vinhedos, cada um de um proprietário e cada vinhedo pode produzir vários vinhos. São 40 mil hectares de vinhedos e cerca de 10 mil produtores. Então, a média é de apenas quatro hectares por proprietário.

As principais regiões da Borgonha são:

Chablis – região mais ao norte, de onde saem os melhores Chardonnay do mundo, secos e amanteigados ao mesmo tempo.

Côte d’Or – uma região com vinhedos voltados para o sudoeste, daí o nome “encosta do oriente”. Seus vinhedos recebem muito sol, o que é importante. É dividida em duas partes. Ao norte, dedicada à produção de tintos com a pinot noir, fica Côte de Nuits. Ao sul, dedicada aos brancos e tintos, fica Côte de Beaune.

Côte Chalonnaise – fica ao sul de Côte d’Or e tem menos prestígio, produz tintos e brancos mais baratos. Aqui é também utilizada outra uva branca, a aligoté.

Mâconnais – ainda mais ao sul, é uma região que produz quase a metade dos vinhos brancos da Borgonha, principalmente, em Mâcon Villages, Pouilly-Fuissé e St.-Véran. São vinhos mais acessíveis.

Beaujolais – essa é uma região tão diferente das outras que mereceria uma coluna especial. A começar que a uva tinta não é a pinot noir, mas com a gamay (fala-se gamé).

Como servir o Vinho

Por Adriana Grasso

Por Vanessa Sobral