quinta-feira, 11 de julho de 2013

Tintos do Piemonte

PIEMONTE – Tintos


Aos “pés dos montes”, essa é a explicação do nome da região. Assim como era de se esperar, a região é montanhosa, cortada por inúmeros rios que formam vales, onde a drenagem e a perfeita exposição ao sol favorecem o cultivo de uvas. O inverno costuma ser rigoroso e o verão quente costuma apresentar tempestades de granizo que podem comprometer a safra.



A região tem como capital a cidade, altamente industrializada, de Turim. Sede de várias empresas multinacionais. Acontece que, até a década de 1970, o Piemonte era terra de ninguém no que se refere ao turismo. Essa situação mudou drasticamente graças à gastronomia e à vitivinicultura que colocaram a região na rota dos gourmets de todo o mundo.

A culinária piemontesa se destaca pela criatividade e a utilização de produtos sempre frescos e da época. Devido ao clima e ao relevo, a restrição de opções de produtos foi o grande incentivador dessa culinária de gabarito. Nesse leque restrito de produtos, destacam-se dois: a trufa branca e a carne vermelha.




No que se refere aos vinhos, o Piemonte possui duas grandes uvas: a Nebbiolo e a Barbera. Ainda possui uma terceira uva, a Dolcetto, menos conhecida e celebrada. Os vinhedos estão localizados nas encostas das montanhas e possuem orientação sul. Os vinhos produzidos compatibilizam maravilhosamente com a culinária e desse casamento nasceu uma gastronomia rica e surpreendente.




Principais Regiões


Devido ao relevo montanhoso, os vinhedos não estão espalhados por toda a região, encontram-se concentrados, principalmente, nas áreas D.O.C. As principais D.O.Cs. encontram-se ao sudeste e nordeste de Turim. Algumas cidades (vilarejos) são importantes referências: Alba, Asti, Bra, Acqui Terme, Gavi, Casale, Canale, Alessandria, Vercelli e Novara.

 O Barolo é um vinho único, comparável aos melhores do mundo. Possui grande estrutura aromática, longa persistência, acidez destacada, tânico, corpo alto e poder de envelhecimento.

 O Barbaresco é o irmão mais delicado e feminino do Barolo. Grande estrutura aromática, menos encorpado e com acidez destacada.

 O Barbera é um vinho excepcional. Acompanha muito bem os pratos regionais e está passando por uma revolução. Alguns produtores estão utilizando madeira mais nova para a afinação e testando cortes com outras uvas (Pinot Noir e Cabernet Sauvignon).

 O Dolcetto é um vinho para se beber jovem. Com aromas mais doces, estrutura mediana, pouco tânico e acidez destacada; ainda deve melhorar com as inovações.

Em relação aos brancos, devemos prestar atenção em especial aos Arneis de Roero, aos Moscatto d’Asti e aos Chardonnay do Langhe.

Ainda em relação ao Barolo, existem sub-regiões que determinam o caráter do vinho, o estilo. Por exemplo, se quisermos um Barolo mais encorpado, mais denso, devemos procurar pela sub-região de Serralunga d’Alba e se quisermos algo mais delicado e gracioso, vamos escolher algum da sub-região de La Morra. Além dessas duas sub-regiões, ainda existem: Verduno, Barolo, Novello, Monforte d’Alba e Castiglione Falletto.

As principais denominações piemontesas (DOC ou DOCGs) são:

 Barolo;
 Barbaresco;
 Barbera d’Asti;
 Barbera d’Alba;
 Dolcetto d’Alba;
 Gattinara;
 Gavi;
 Roero;
 Langhe;
 Moscato d’Asti.

Principais Uvas


Uvas autóctones:

 Arneis (Br);
 Cortese (Br);
 Moscato (Br);
 Barbera (Tn);
 Docetto (Tn);
 Grignolino (Tn);
 Nebbiolo (Tn).

Uvas estrangeiras :

 Chardonnay (Br);
 Pinot Noir (Tn).

Principais Produtores


Tradicionais:

 Bruno Giacosa;
 Giuseppe Mascarello;
 Giovanni Conterno;
 Giacomo Conterno;
 Vietti;
 Aldo Conterno;
 Luigi Coppo.

Inovadores:

 Ângelo Gaja;
 Elio Altare;
 Enrico Scavino;
 Domenico Clerico;
 Giorgio Rivetti;
 Giacomo Bologna;
 La Spinetta;
 Prunotto;
 Renato Ratti.


Barolo

O Barolo é um vinho excepcional que costuma arrebatar fanáticos apreciadores conhecidos por “Barolistas”. Sua uva, a Nebbiolo, costuma ter uma evolução na taça que impressiona. Os aromas e sabores vão se alterando constantemente, seduzindo o degustador, que viaja por: alcatrão, alcaçuz, castanhas, baunilha, canela, pimenta verde, violetas, rosas, ameixas secas, bolo de frutas, tabaco e chocolate amargo.

Há registros da existência da uva Nebbiolo no Piemonte desde 1235. Esta uva que regionalmente também é conhecida por Spanna, Inferno e Grumello, resulta em outros vinhos também muitos bons, como: Barbaresco, Bramaterra, Boca, Carema, Fara, Ghemme e Nebbiolo d’Alba. O Gattinara, outro grande vinho de longa guarda do Piemonte, é produzido com a Nebbiolo (90%) e Bonarda (10%), porém, o grande expoente é mesmo o Barolo, que deve necessariamente envelhecer por 3 anos na cantina, sendo dois em madeira, ou 5 anos (três em madeira) para os Riserva.

Barolo está dentro da região chamada de Langhe, a 40 Km de Asti e 70 Km de Torino. Onze comunas compõem as colinas de Barolo. São divididas em colinas da esquerda, com solo mais compacto produzindo vinhos mais austeros e de guarda: Castigliane Falletto, Diano D’Alba, Grinzane Cavour, Monforte D’Alba e Serralunga D’Alba. Do outro lado, nas colinas da direita, com solo mais macio, melhor drenagem e vinhos para serem consumidos mais jovens: Barolo, Cherasco, La Morra, Novello, Roddi e Verduno.

Devemos esta glória de vinho a Sra. Giulia Colbert, a Marquesa Falletti di Barolo, que enciumada da preferência dos nobres italianos pelos vinhos franceses, mandou chamar um enólogo da Borgonha, Louis Oudart, que introduziu métodos de enologia que corrigiram a maturação do vinho local, que anteriormente era adocicado, leve e inconstante e t transformou-o no famoso Barolo. Oudart fez tanto sucesso com seu trabalho no Barolo, que foi contratado também pelo Duque de Cavour em seu Castelo Grinzane e por Vittorio Emanuele que transformou sua casa de caça de Fontanafredda em Serralunga D’Alba num grande vinhedo de Nebbiolo. Essas “aziendas” produzem Barolos até hoje.

Há uma história deliciosa sobre o Barolo: conta-se que em 1922, Edward, o então príncipe de Gales, herdeiro da coroa da Grã Bretanha, Irlanda e Índia, visitou a Itália. Solteiro, era considerado “o melhor partido da Europa”. Em Roma foi recebido com um banquete por Vittório Emanuelle III. O soberano queria mesmo era apresentar-lhe a filha mais velha, Jolanda , também solteira. Sua intenção era ver se o príncipe se interessava em casar-se com Jolanda. Porém, apresentaram-lhe também na mesma noite o Barolo, que teve total preferência do Príncipe de Gales. Ele beu tanto do vinho que saiu oferecendo dele aos presentes. Até os guardas que estavam à porta do salão tomaram do Barolo oferecido. Edward mal se dirigiu à pobre princesa. Foi um escândalo.  

 

Barbaresco


O Barbaresco e o Barolo são os dois grandes vinhos do Piemonte. A diferença entre eles está na potência. Enquanto o Barolo é mais masculino, tânico e potente, o Barbaresco é mais feminino, elegante e igualmente potente. Ambos os vinhos foram feitos para o inverno, para acompanhar pratos fortes.

O grande nome quando nos referimos ao Barbaresco é "Ângelo Gaja". Ele revolucionou o método de produção e fez com que o Barbaresco fosse tão bom quanto os melhores Barolos. Hoje temos pelo menos uns 20 ótimos produtores.                                                                

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