A região da Toscana é caracterizada pelos vinhos tintos feitos a partir
da uva Sangiovese. É uma das regiões vinícolas mais importantes da
Itália, conquistando consumidores de todo mundo com sua variedade de
vinhos. A diversidade de características (aroma, sabor, corpo,
estrutura, etc.) e a alta produção anual impedem uma classificação geral
da bebida. São mais de 7 mil vinhedos. Existem inúmeras denominações de origem, cada uma com suas regras e estatutos.
Florença, capital da Toscana, sempre foi uma cidade dedicada às artes, à
música e ao bom viver. Foi o epicentro italiano no Renascentismo, ali
viveram e conviveram artistas do pais inteiro e até do exterior. Dante
Alighieri, Leonardo da Vinci, Michelangelo, entre outros. Esta turma
governada pelos Medicis prepararam a região para, digamos, as coisas
belas da vida, entre elas o vinho. A Toscana é um dos principais destinos do Enoturismo do mundo.
Uva Sangiovese
Sangiovese é a uva típica do centro da Itália, mais precisamente da
Toscana, porém, sua origem está nos vales da região de Emilia-Romana.
Acredita-se que inicialmente ele era uma uva corriqueira, silvestre. Ela
também pode ser encontrada em outras regiões italianas com menor
expressão.
Durante muito tempo essa uva foi cultivada de forma pouco cuidadosa e,
após a 2ª Guerra Mundial seu cultivo extrapolou qualquer controle
razoável e o rendimento altíssimo fez com que seus vinhos se tornassem
medianos, ácidos e amargos. Esse declínio permaneceu até meados da
década de 70.
A partir dos anos 80, alguns produtores passaram a cultivá-la de forma
mais elaborada e os resultados logo apareceram. Novos Chianti com
qualidade muito superior a média se tornaram referência e com isso novos
vinhos apareceram. Hoje temos várias denominações com essa uva, sendo
que as principais são: Chianti, Brunello di Montalcino, Rosso di
Montalcino, Morellino di Scansano, Vino Nobile di Montepulciano,
Carmignano e os Supertoscanos.
A Sangiovese é uma uva fácil de cultivar, preferindo climas temperados
com pouca chuva. Os cachos têm muitos bagos e estes são de pele espessa,
que podem originar vinhos grosseiros e fracos se colhidas sem a
maturação completa ou vinificados sem muito cuidado. As melhores
técnicas recomendam o plantio de alta densidade (7000 pés por hectare)
em solos pobres, com podas constantes para diminuir o rendimento. A
insolação é fundamental, portanto é necessário aparar constantemente as
folhas. A Sangiovese pode ser vinificada sozinha (varietal) como no caso
dos Brunellos ou em corte como nos Chianti e Supertoscanos.
Quanto aos aromas, a Sangiovese apresenta tradicionalmente notas de
violeta, tabaco, cereja, tomate, ervas e chá. Ainda podemos encontrar
aromas de baunilha, pimenta em pó e ameixa. No caso dos Morellinos, os
aromas são mais animais e terrosos. Na boca, a Sangiovese é ácida e com
taninos a resolver. O corpo varia de pequeno (Chainti genéricos),
passando por corpo médio (Rosso e Vino Nobile) até chegar aos encorpados
(Brunello e Supertoscanos).
Hoje a Sangiovese possui muitos clones, os mais conhecidos são: Brunello, Prugnollo Gentile e Sangioveto.
Chianti
Chianti é o mais famoso de todos os vinhos italianos. Produzido na
região da Toscana, nas cercanias das cidades históricas de Firenze e
Sienna. Os vinhedos de Chianti estão espalhados por toda a região, sendo
que em 1932 foram definidas por lei sete zonas produtoras, dentro da
apelação. São elas: Chinti Clássico, Colli Aretini, Colline Pisane, Montalbano e Rufina.
Mesmo com a introdução das normas de DOC (Denominazione di Origine
Controlata) e DOCG (Denominazione di Origine Controlata e Garantita),
estas subdivisões permaneceram inalteradas.
A região de Chianti Clássico
é a original (apenas foi um pouco aumentada), ficando situada na região
montanhosa entre Firenze e Sienna, produzindo os melhores vinhos de
Chianti. Dos subdistritos, Rufina e Colli Fiorentini podem produzir
vinhos no estilo dos Chianti Clássico. Os demais produzem vinhos mais
leves, para consumo imediato e descompromissado.
“Porque um galo Negro?” O nome Chianti surgiu no século
XIII para designar esta região de colinas que começa ao sul de Florença
e se estende até os limites da Úmbria. Tanto Florença, como Siena
produziam vinhos Chiantis. Diz a lenda que Florentinios e Sienenses
decidiram colocar um ponto final em sua rivalidade territorial através
de uma inusitada disputa. Dois cavaleiros sairiam de Florença e de Siena
ao “cantar do Galo” e o ponto de encontro iria definir o limite entre
as duas cidades. O povo de Siena, escolheu um galo jovem e saudável para
disputa e os Florentinos, optaram por um Galo Negro, magro e mal
alimentado. Naturalmente o Galo Negro Florentinho, acordou mais cedo,
pois tinha fome, o que ofereceu uma boa vantagem ao cavaleiro de
Florença. O ponto de encontro foi estabelecido bem mais perto de Siena e
como conseqüência Florença conquistou um grande território e o direito
de usar a designação Chianti para produzir seus vinhos.
Por lei, os Chianti devem ter pelo menos 80% de Sangiovese e podem
receber até 10% de uvas tintas estrangeiras (as mais usadas são:
Cabernet Sauvignon, Merlot ou Syrah). Seu corte inicial foi criado pelo Sr. Ricasoli. Um corte de
Sangiovese (75%), Canaiolo (15%) e a branca Malvasia (15%). Depois este vinho sofreu altos e baixos.
Brunellos
Produzido na cidade toscana de
Montalcino, o Brunello foi o primeiro vinho italiano a ganhar a chancela
de DOC (Denominação de Origem Controlada) e depois o status de DOCG
(Garantida) também. Por força de lei, ele tem de ser elaborado apenas
com uma cepa da uva Sangiovese, típica da região.
A superfície total dos vinhedos destinados ao Brunello é de 16 Km2. Para
sua fabricação, é usada apenas uma cepa da uva Sangiovese conhecida
localmente também de brunello. Um Brunello deve envelhecer pelo menos 2
anos em madeira e 4 meses na garrafa antes de distribuído, sempre depois
do dia primeiro de janeiro do quinto ano depois da colheita. Os vinhos riserva,
por sua vez, é distribuído após 6 anos, sendo 2 deles passados em
barris de carvalho e seis meses em garrafa. A madeira utilizada pelos
produtores tradicionais vem da Eslovênia, os produtores mais novos usam
carvalho da França.
Desde o final do século XIX, a cidade de Montalcino produz um dos vinhos
tintos mais famosos e caros do mundo. Elaborado com um única variedade
de uva, Brunello, uma variante da Sangiovese da região do Chianti, ele
difere de qualquer outro já produzido em Montalcino durante os mais de
mil anos de cultivo da vinha nesse distrito próximo de Sienna.
O
Brunello “moderno” apareceu em 1880 quando Clemente Santi começou a
fazer experiências para isolar a uva Brunello e encorajar seu cultivo.
Os vinhos Santi feitos com esse novo clone foram aclamados em exibições
em Londres e Paris no ano de 1850, mas foi somente em 1880 que seu neto
Ferruccio Biondi, ao assumir o vinhedo da família, criou o primeiro
Brunello no estilo que é mantido até hoje. Seu filho Tancredi, um
experiente agrônomo e reputado enólogo, refinou ainda mais o vinho e o
lançou no mercado com grande sucesso. O Vinho só pode ser vendido após o
quarto ano e com mínimo de 12,5% de álcool; com cinco ou mais anos de
envelhecimento pode ser denominado Riserva.
A sucessão familiar chega aos dias de hoje com Franco Biondi-Santi,
filho de Tancredi, que expandiu a propriedade nomeando-a “IL Greppo” e o
primeiro a promover degustações verticais para mostrar a grande
longevidade dos Brunellos. Numa realizada em 1994 foram degustados
quinze Riservas, sendo que o primeiro lugar com nota máxima de 100/100
coube ao da safra de 1891. Nada mal para um vinho de 103 anos.
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