terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Vinho do Padre

Fundamental para o sacramento da eucaristia, o vinho está profundamente ligado à história do Cristianismo. Mas como será o vinho consumido pelos padres na celebração das missas?

Também chamado de vinho sacramental, ou vinho canônico, o vinho utilizado na consagração representa o sangue de Jesus, enquanto o pão representa o corpo de Cristo, no fenômeno da transubstanciação.

Para esse ritual, o mais comum é uma produção de vinho específica, que segue rígidas instruções do Vaticano. Muitas vinícolas ao redor do mundo dedicam-se à produção exclusiva de vinhos para missa.

Mas o uso de vinho “de mercado” também é permitido pela Igreja Católica, desde que a bebida escolhida atenda às condições necessárias para a validade do sacramento, sendo um vinho 100% de uva, sem adição de outras substâncias, respeitando o limite de 18° de graduação alcoólica...

A escolha de um vinho válido e lícito, para uso no altar, é uma atribuição muito séria. A forma mais segura e recomendada ao pároco, para obter o vinho adequado, é comprá-lo diretamente de um fabricante que entenda e respeite a grande responsabilidade envolvida na celebração do Santo Sacrifício.

Pode ser surpreendente, mas o vinho que representa o sangue de Cristo não precisa ser, necessariamente, vinho tinto, principalmente no catolicismo ocidental! Isso mesmo! O mais popular vinho de missa consumido no Brasil, por exemplo, é um rosado. Já os padres europeus, inclusive em Roma, dão preferência ao vinho branco, para evitar manchas nos tecidos do altar e em suas vestimentas.

Com adição de álcool etílico de uva durante a fermentação, assim como ocorre nos vinhos fortificados, o vinho canônico costuma ser licoroso e doce, podendo ser conservado por bastante tempo, já que o consumo de suas garrafas é lento, com uma quantidade bem pequena consumida a cada missa celebrada.

As variedades de uvas utilizadas no processo de fabricação dos vinhos de altar podem ser de Vitis Vinifera ou híbridas americanas. No Brasil, as mais comuns costumam ser Moscato, Saint-Emilion e Isabel, tendo como resultado um vinho rosado com cerca de 16% de graduação alcoólica.

Certamente não é uma bebida que agradaria ao paladar de muitos apreciadores de vinho. Mesmo assim, cerca de 20% da produção brasileira de vinhos canônicos não é absorvida pela Igreja, e, sim, por consumidores que apreciam este tipo de vinho mais doce.

Mas é possível encontrar, sim, bons exemplares de vinhos canônicos, com aroma e sabor intensos. Uma dica é procurar aqueles da Toscana.

Amém!

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